Entrei no Instituto dos Cegos da Paraíba, como aluno, em 1994, cursando o ensino fundamental I. Foi aqui onde comecei a aprender sobre a parte técnica da música, minha grande paixão.
Meus primeiros contatos com a música ocorreram quando eu era criança, através do rádio e dos blocos carnavalescos que passavam em frente à minha casa, em Paulo Afonso/BA, onde nasci e vivi até os 13 anos de idade, quando me mudei para João Pessoa/PB.
Ainda morando na Bahia, eu juntava latas e ferragens velhas, tentando reproduzir os sons emitidos pelo rádio. Foi dessa maneira que desenvolvi minha musicalização. Quando me mudei para a Paraíba e passei a ser aluno interno do ICPAC, conheci a banda “Nova Geração”, composta por alunos do Instituto, eu sempre acompanhava os ensaios, afinal de contas, não podia escutar uma lata batendo, que já me aproximava. Aos poucos comecei a acompanhar os meninos, tocando um instrumento chamado tumbadora, que à época eu nem sabia o nome, já que nunca tinha tido aulas de música.
O que eu tinha era o batuque dentro de mim e consegui acompanhar a banda. Percebendo minha desenvoltura, o coordenador da banda, Lucas, me convidou para fazer parte da banda. Dentro de mim, surgiu uma festa, uma imensa alegria, por causa dessa oportunidade, e aceitei na hora. Fiquei no grupo até concluir o ensino Fundamenal I, em 1998.
Na “Nova Geração”, toquei desde instrumentos de percussão, até o teclado. Fazíamos muitas viagens para apresentar o repertório, em diversas cidades, inclusive, gravamos um disco. Esse período foi muito importante para mim, essa vivência artística me apresentou o forró. Foi aqui na Paraíba onde conheci o forró e me apaixonei.
Em 2004, a professora Rosália, aqui do Instituto, me aconselhou a estudar música, na faculdade. Optei por fazer a Licenciatura em Música, na UFPB. Na universidade, enfrentei muitas dificuldades, por causa da falta de preparo dos professores para lidar com uma pessoa com deficiência visual. Havia muitas vezes em que eu estava na sala, mas não participava das aulas.
No entanto, meus colegas de faculdade, cheios de empatia, me ajudaram bastante a acompanhar a parte mais difícil do curso: a leitura de partituras em braille. Posteriormente, um professor me ajudou bastante na parte de musicografia braille.
Em 2008, quando me formei, comecei a dar aulas no Instituto dos Cegos da Paraíba Adalgisa Cunha, quando substituí colegas que eram titulares das turmas, aqui na Instituição. Posteriormente, dei aulas em outras e escolas e, neste ano de 2019, retomei o trabalho como professor do Instituto. Atualmente, ensino inicialização musical, musicalidade e instrumentos específicos a mais de 20 alunos do ICPAC. Sou cria do Instituto e fico muito feliz em dar aulas aqui, é um trabalho muito especial.
Produção e Edição: Allan Oliveira
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