Logomarca do Instituto dos Cegos da Paraíba Adalgisa Cunha

Nasci em Jacaraú, cidade do brejo paraibano, em 1966. Sou filha de  André Florêncio dos Anjos e Maria Celeste de Padilha. Dos 14 filhos que meus pais tiveram, 5 nasceram  cegos, mas dois faleceram ainda criança.  A minha irmã mais velha, Maria Lúcia dos Anjos, foi a primeira a vir estudar no Instituto dos Cegos da Paraíba, anos antes mim. Posteriormente, meu irmão Luiz veio para cá com 7 anos de idade.

Em 1973, entrei no ICPAC, como interna, para cursar o ensino fundamental. Depois de 3 anos estudando aqui, fui para uma escola tradicional, mas continuei morando no Instituto e participando das atividades extraescolares daqui.

Quando eu vim para o Instituto, era muito pequena e senti muito a falta dos meus pais. Não é fácil para uma criança de 6 anos separar-se dos parentes.  Hoje, porém, sou muito grata de ter me alfabetizado e vivido no ICPAC até os meus 18 anos de idade. Foi aqui onde conheci a professora Maria Antônia, conhecida como Marciana. Ela era minha professora de alfabetização e foi uma grande inspiração para eu ter seguido a carreira. Naquela época, Marciana já utilizava o método construtivista de ensino, uma pioneira.

Essa linha pedagógica entende que o aprendizado se dá em conjunto entre professor e aluno, ou seja, o professor é um mediador do conhecimento que os alunos já têm em busca de novos conhecimentos criando condições para que o aluno vivencie situações e atividades interativas, nas quais ele próprio vai construir os saberes.

Pouco depois de sair do Instituto dos Cegos, aos 18 anos de idade, em 1984, terminei o Magistério e comecei a dar aulas.  Em 1992, comecei a lecionar aqui no ICPAC. Em 2004, concluí minha graduação em Pedagogia e posteriormente fiz pós-graduação na área da educação.

Como a minha professora Marciana, eu também sempre apliquei o método construtivista de ensino dentro de sala de aula e com isso, sempre colhi boas histórias.  A mais marcante delas aconteceu há mais de 20 anos, quando os alunos de uma turma do 3º ano escreveram várias histórias de ficção e a supervisora à época, Deuvani, resolveu compilar os textos em um livro intitulado “Sementes da Adolescência”. A obra está disponível em braille, na biblioteca do Instituto dos Cegos da Paraíba Adalgisa Cunha até os dias hoje.

Atualmente, junto com a professora Eulália Fechine, temos 10 alunos na turma de alfabetização do ICPAC.

 

Produção e Edição: Allan Oliveira