Logomarca do Instituto dos Cegos da Paraíba Adalgisa Cunha

Imagem de Marina, posando para foto, em um shopping

 Nasci no dia 18 de maio de 1946, na cidade do Conde, Paraíba.  Sou uma pessoa com deficiência visual (cegueira total), e por isso, logo cedo tive que enfrentar meu primeiro desafio: deixar o convívio familiar para estudar no Instituto dos Cegos da Paraíba Adalgisa Cunha, onde residi por muito tempo, no esquema de internato.

 Para minha mãe não foi fácil romper parcialmente esse vínculo familiar, no entanto, ela logo compreendeu que era uma oportunidade única para que eu estudasse, e assim, pudesse ter uma formação educacional e profissional como qualquer outra pessoa.

O ICPAC foi a referência da minha vida, tornou-se a minha casa. As atividades desenvolvidas me incentivaram a vários novos desafios, como pegar ônibus sozinha, com total autonomia, e poder ir cursar o ginásio no Lyceu Paraibano, escola de formação de professores, onde estudei com pessoas das comunidades adjacentes.

 No final da década de 60, deixei a Paraíba e fui fazer o curso de Educação na área de Deficiência Visual em Salvador, Bahia. Uma experiência bastante exitosa, que me integrou com participantes dos diversos estados brasileiros. Meu objetivo ao fazer esse curso era assegurar uma contratação no governo do estado, após o término da formação.

Quando regressei à Paraíba, passei a integrar o corpo de funcionários do Instituto dos Cegos, na condição de professora. Nessa mesma época, passei para a graduação em Pedagogia, na UFPB, quando pude assumir o cargo de orientadora profissional.

Sou militante do movimento de Cegos da Paraíba e presidi por três mandatos a primeira Associação de Cegos da Paraíba, a extinta SOCEP, que na década de 80 se incorporou à APACE.

Na minha trajetória de vida, surgiu um novo momento quando casei e fui mãe de duas filhas, quando precisei superar as dificuldades de cuidar de suas crianças, trabalhar por dois expedientes, encaminhá-las para a escola, apoiar suas as suas atividades, participar dos seus eventos e, quando adolescente, estar atenta às mudanças. Ressalto a participação e colaboração dos meus dois sobrinhos, que passaram a fazer parte da família desde os seus 8 anos de idade após perderam a mãe. Desde então, assumi a responsabilidade da criação e educação dos meninos.

Minha bandeira de luta, defender as questões de interesse das pessoas cegas, participando ativamente de todos os movimentos em defesa da cidadania das pessoas com deficiência, inclusive da proposta de criação da FUNAD. No inicio da década de 90, convidada pela ex-primeira dama estadual, senhora Glauce Burity, passei a fazer parte do corpo de funcionário da FUNAD, assumindo funções Chefe de Apoio Pedagógico da (CODAVI). Atualmente, presto Assessoria no Centro de Atendimento a Pessoa com Deficiência (CAD) e também sou concursada do Município de João Pessoa, onde já atuei nas Secretarias de Educação, Trabalho e Promoção Social.

O meu sentimento pelo o Instituto dos Cegos é de pura gratidão. Essa escola deu o pontapé inicial na minha formação acadêmica, crescimento pessoal e profissional. Fico muito feliz com o crescimento dessa instituição formadora na educação e expert em reabilitação de pessoas cegas e agora também de pessoas com deficiência intelectual.